ABEL SANTOS

Escultura em madeira, Pelariga, Pombal

Abel Pedro Santos nasceu em 1934 na localidade de Sacutos, freguesia de Pelariga, em Pombal. Como acontece muitas vezes no meio rural português, é com a reforma que vêm o tempo e as oportunidades para descobrir e desenvolver o talento criativo. Normalmente, utiliza-se a madeira, um material abundante nos campos, que não exige técnicas específicas ou aprendizagens prolongadas (como por exemplo a olaria) e em que os instrumentos de trabalho são rudimentares e fáceis de transportar.
Abel Santos não fugiu à regra. Após treze anos como emigrante na região de Paris, regressa a Portugal como serrador mecânico reformado. Num dia de inverno em janeiro de 2000, quando limpava o seu pinhal do mato que já ia bem alto, reparou que as raízes que estava a arrancar e a juntar na eira tinham uma forma muito parecida com a dos pássaros. Quando chegou a casa, começou a trabalhá-las: deu-lhes alguns cortes para conseguir que se parecessem com os pássaros que tinha visualizado na eira, fez-lhes os olhos e a boca e de seguida mostrou-os à mulher e aos filhos. Felizmente, e ao contrário do que é frequente, a família soube apreciá-los e incentivou-o a continuar.
A festa da aldeia estava à porta e a associação local convidou-o a mostrar ao público, pela primeira vez, os seus pássaros. A partir de então, e até falecer, Abel Santos nunca mais parou de trabalhar as raízes de urze – ajudado por uma simples navalha, grosa e lixa – e a transformá-las em pássaros e árvores, que expôs por todo o país.

Texto e fotografias cedidos pelo arquivo da Santos Ofícios.