JOAQUIM SIQUENIQUE

Escultura em cortiça, Redondo, Évora

Joaquim Siquenique nasceu em 1932 perto de Redondo, Alentejo. Criado por um tio, desde criança viveu entre sobreiros e ovelhas, habituando-se a escolher, pelo chão, paus e bocados de cortiça para “a jeito de canivete fazer uns bonecos”. Conhecido por “Joaquim das Ovelhas”, deixou a aldeia surpreendida quando, ainda pequeno, fez uma máquina debulhadora em madeira e cortiça. Já adolescente, nas idas à missa, observava os santos da igreja e depois reproduzia-os à sua maneira. Depois de casado, trabalhou numa pedreira, mas voltou de novo à cortiça, fazendo pilhas da casca extraída do sobreiro. As pilhas de cortiça que Siquenique fazia tinham a sua arte e segredo, pois, ao empilhar, era necessário criar “buracos” e pequenos “corredores” para a cortiça arejar. Após a separação da casca do sobreiro a machado – em regra, de 9 em 9 anos – esta forma de a empilhar determinava aos seus compradores o peso em toneladas da pilha, sem necessidade de uma balança.
De entre as suas peças, feitas a canivete – praticamente o seu único instrumento de trabalho e o mais comum na arte pastoril – encontram-se miniaturas de presépios, cenas da vida rural e quadros de grande ingenuidade e beleza.

Texto e fotografias cedidos pelo arquivo da Santos Ofícios.