José dos Santos, nascido em Porto de Mós (distrito de Leiria) em 1948, foi um artista autodidata que fez da madeira e da pedra as matérias-primas da sua expressão. A condição de artesão teve advento tardio, já depois de se ter aposentado da construção civil, onde exerceu vários ofícios, entre eles o de pedreiro. E foi, tal como toda a sua vida, profundamente influenciada pelos cinco anos de serviço militar em Angola, cumpridos em Malanje no início da década de 70.
José dos Santos tanto construía bonecos e animais em madeira, como objetos utilitários: bengalas, taças, caixas para pão e sementes…. Trabalhava essencialmente o zambujeiro, pontualmente o sobreiro, ambas madeiras muitos duras, a exigir técnica aguçada; mas era à oliveira que reservava lugar de destaque na história da sua arte, já que, como dizia, tinha sido estimulada na apanha das azeitonas, onde «topava os paus» das oliveiras e sabia logo o que daqueles troncos iria raiar.
A memória do tempo, dizia também, não existia enquanto labutava nas suas figuras, as quais expôs em diversas feiras: “Arte e Pau”, em Porto de Mós, Vila do Conde e Vila de Rei, a “Feira Medieval de Aljubarrota”, a “Feira de Artesanato e Gastronomia da Batalha” (FIABA), a Feira do Crato…
Vivia em Covas Altas, freguesia de Alqueidão da Serra, em pleno Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, geografia onde ainda se encontram traços de grande ruralidade e paisagens de profunda beleza. Em sua casa misturavam-se as centenas de objetos que colecionava, como canecas, bicicletas ou relíquias encontradas em feiras de antiguidades, com as obras que produziu. É um espaço mágico, que a mulher Benvinda e os cinco filhos preservam, agora que José dos Santos desapareceu. Morreu em abril de 2023, tinha 75 anos.
JOSÉ DOS SANTOS
Escultura em madeira, Porto de Mós, Leiria