AVELINO FERNANDES

Escultura em madeira, Atenor, Miranda do Douro

Avelino Joaquim Fernandes nasceu em 1957 na aldeia de Atenor, em Miranda do Douro, onde sempre viveu. Tal como os seus pais, trabalhou toda a vida na agricultura e pastorícia – uma vida a que chama “suja”, mas que diz dar-lhe muita liberdade.
Foi “há meia dúzia de anos”, por volta de 2013, que Avelino começou a esculpir figuras em madeira. Da sua navalha, nascem maioritariamente bichos da região, como sapos, cobras e lagartos, pombos, águias e abutres, burros, cabras e raposas, mas também seres mais exóticos como girafas, pinguins e até dinossauros. O seu universo criativo inclui ainda outras formas que vão de cogumelos e bolotas até ferramentas agrícolas e cajados.
É quando leva as vacas a pastar que faz as suas peças, sobretudo no inverno, quando tem “mais vagar”. Procura, pelos terrenos em volta, troncos, galhos e raízes, normalmente de oliveira, freixo, olmo, chara ou giesta, reconhecendo logo neles a forma que irá esculpir. “O problema não é fazê-los, o problema é encontrá-los”, diz-nos.
Como ferramentas usa apenas uma navalha e, por vezes, um ferro quente para marcar alguns traços, acabando depois as peças com lixa e verniz.
Quem visita a sua casa é surpreendido por estas criaturas de madeira torcida que espreitam de todos os cantos. Não as vende, porque as considera como peças únicas e sente um grande carinho por todas. Vai oferecendo algumas a familiares e amigos, que já as levaram para Lisboa, Canadá e Brasil, mas a maior parte do seu espólio continua por desvendar.